quinta-feira, 4 de março de 2010

Crime animal


Outro caso de crime animal foi registrado na praia de Pajussara na cidade Maceió no mês passado.
Um turista que não deseja ser identificado sofreu estupro seguido de tentativa de assassinato por uma Caravela, vulgo Physalia physalis.

Ele foi levado às pressas para o Hospital Geral do Estado de Maceió, com hematomas nas costas e no peito. Segundo testemunhas, J.F. C parecia sofrer de algum tipo de convulsão. Pois se torcia desesperadamente nos bancos e no chão do ônibus de viagem que fez o transporte da vitima.

Banhistas afirmam que a vitima provocou a agressora, nadando com um short semitransparente nas águas de Pajussara.
J.F.C foi medicado com antialérgico e soro e passa bem.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mosca Morta


Uma mosca morta foi encontrada em estado de decomposição avançada na tarde do último domingo, por volta das 14horas na esquina da pagina 382 do livro A Menina que Roubava Livros, do autor Markus Zusak.
O caso foi registrado pela testemunha Edisvânio Nascimento na Primeira delegacia de Policia da cidade de Santa Luz no interior da Bahia.
Nascimento diz ter encontrado a vitima quando folheava desavisadamente as páginas do livro de um amigo.
O delegado responsável pelo caso está trabalhando com a hipótese de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, mas não descarta a hipótese de suicídio diante das evidencias coletadas no local do crime.
Segundo informações, a mosca morta marcava um parágrafo que parece apresentar algumas pistas relevantes.

“Tive vontade de dizer muitas coisas à roubadora de livros, sobre a beleza e a brutalidade. Mas que poderia dizer-lhe sobre essas coisas que já não soubesse? Tive vontade de lhe explicar que constantemente superestimo e subestimo a raça humana – que raras vezes simplesmente a estimo. Tive vontade de lhe perguntar como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes.
Nenhuma dessas coisas, porém, saiu da minha boca.
Tudo que pude fazer foi virar-me para Liesel Meminger e lhe dizer a única verdade que realmente sei. Eu disse à menina que roubava livros e a digo a você agora.

UMA ULTIMA NOTA DE SUA NARRADORA
Os seres humanos me assombram.”

O único fato concreto apurado até agora é que, assassino ou não, o dono livro é um Saukerl.

Santa Luz – Ba
21 de Fevereiro de 2010

sexta-feira, 13 de março de 2009

Débito Automático

Quando te abordaram, num passeio descompromissado ao shopping, você se lembra? Convenceram-te com uma habilidade única e treinada de que sua vida ficaria mais fácil com um crédito, e você acreditou.

Ofereceram-te descontos, limites, formas de parcelamento. Convenceram-te que é cliente especial, e liberaram fortunas a prazo.
Um dia você acorda atrasado, sai às pressas, esquece os óculos, o jornal, e a fatura que chegou atrasada depois de uma greve nacional dos correios.
O dia então começa mal. Você não sabe o que te espera, pois justo nesse dia esqueceu o jornal; não anda bom das vistas e esqueceu os óculos. Ha! E a fatura que chegou atrasada você também esqueceu. O dia realmente vai mal. Você então resolve ligar para a sua central de atendimento (aquela do seu banco preferido que sempre facilita as coisas para você), Por que você é um cliente especial.
Depois de passar trinta minutos esperando na linha, ouvindo aquela enxurrada de promoções, você é atendido.
- Bom dia! Como vai Sr...?
Logo você descobre, após cinco minutos explicando a situação, que ainda é um cliente especial, mas que o banco não tem culpa da greve ods correios, e de sua fatura ter chegado em atraso.
Você berra, faz “caras e bocas” e de nada adianta. No máximo abrem um processo de análise do caso, e pedem que você aguarde um prazo de cinco dias úteis. Você tem que aguardar e terá que cobrir o valor financiado durante o período.
Nesse curto espaço de tempo te apresentam os encargos, os juros de mora, e a tal multa de atraso que somadas dão um produto chamado “contrato”, que você não viu, não leu, não assinou, mas, existe e protegidos por uma lei que você desconhece.
Passam-se os dias úteis e você retorna a ligação e descobre que a sua fatura já foi paga, debitada em sua conta corrente sem saldo.
te abordam com um :
- Obrigado pelo pagamento.
- Que pagamento?
- Entrou o décimo primeiro dia, e como previsto, o valor da fatura foi debitado de sua conta corrente. Está no contrato, o Sr. Lembra-se?

E onde está o contrato que você assinou?
Quando foi que você assinou?
Você assinou...?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Onde você mora, aonde você vai ficar?


A espera é cansativa. Sentados num banco na estação de trem da Calçada, todos esperavam o trem chegar. Íamos, víamos, partíamos e chegávamos sempre de algum lugar. O trem era o meio, e no meio do trem havia outros meios. Há vagões que chegam e que vão cheios de esperanças, de reclamações, de buscas que se encontram num destino qualquer, algo traçado no percurso diário.
O trem chega.
Bato-me de ombros com um homem quando entro em um dos vagões. Antecipo uns palavrões, mas a surpresa me condena.
É fulano, filho de cicrano que namora a filha de beltrano. Eu conversava com ele sempre que esperávamos “o trem das sete”. Trabalhávamos no mesmo bairro, e o trem era a nossa intercessão.
No reprimir dos palavrões, percebo que para ele a surpresa não foi, não existiu.
Será que ele não me reconheceu? Pergunto-me, indignada com o descaso do moço.
Sussurro algo ao seu lado, sempre preocupada com o engano: Para onde está indo, fulano? Ele, alheio à pergunta, olha para os lados como se procurasse algo em que distrair o cansaço da espera.

Não responde. Era engano.
O trem arrasta pelos trilhos.
Estamos indo...
A resposta talvez se faça no esquecimento.